Resenha - Para o Que Der e Vier

Nem uma comédia, muito menos um drama, Para o Que Der e Vier (Are You Here), 2013, é um filme que tenta misturar ambos os estilos, mas que, no final, não consegue entregar aquilo que se propõe.

A trama é relativamente simples: Um meteorologista de programa de TV descobre que seu melhor amigo, um lunático com ideais utópicos, herdou uma grande herança do seu pai, a partir disso, a história se desenvolve, com tons de humor e uma dose de dramaticidade.

Ben Baker (Zach Galifianakis) passa a impressão que sempre faz o mesmo papel, independentemente do filme; transformou-se em um ator estereotipado, marcado pelos seus trabalhos anteriores, sobretudo em Se Beber Não Case, quando de fato apareceu para o grande público enquanto ator. Como esperado, ele se destaca dentro de uma trama como obviedades; por si só ele é um ator cômico, o visual e o próprio modo de falar ajudam nesse sentido. Para essa personagem, a escolha pelo Zach foi acertada.

Owen Wilson faz mais um daqueles filmes típicos de Owen Wilson, tornando-se quase um especialista nesse sentido. Ele funciona com a personagem de Ben, apesar de pensamentos distintos, há um elo entre eles, sem ligação monetária ou interesseira, pura e simplesmente amizade, o que é muito positivo para o desenrolar da história.

Diferenciando-se das tradicionais comédias dramáticas, o filme tem uma pegada bem jovial, como cenas regadas a drogas e nudez quase explícita, ressaltando o humor do filme, que ainda sim por vezes é falho.

Por se tratar de uma obra com dois distintos gêneros, há de se explicar como funciona cada uma delas dentro da trama. A comédia, aqui, é bem sutil na maioria das vezes, nada muito engraçado ou sem graça, na medida. O humor está principalmente nos dois atores principais, com situações divertidas, como a cena da galinha ou a da vizinha nua, ambas colocadas na trama organicamente, sem forçar, diferentemente dos filmes de Seth Rogan, por exemplo.

Já na parte mais dramática, o filme funciona um pouco mais, com o romance de Steve Dallas (Owen Wilson) e Angelina (Laura Ransey), madrasta de Ben. A relação é toda muito bem construída, inserida gradativamente, o dilema dos distintos modos de vida é a oposição perfeita para dar base à relação dos dois, funcionando como o impedimento necessário para construir o drama. Há, porém, um pequeno plot dentro dessa relação, que deixa o filme muito interessante, colocando um conflito. Laura está perfeita nesse papel, uma personagem inocente, sem interesses, quase pura, que faz o contraponto com Steve, um usuário de drogas, desleixado com a profissão e tarado.  Toda a mudança da personagem interpretada por Owen Wilson para ficar junto de Angelina é bem feita, nada de outro mundo, mas funciona.

A Alli (Jenna Fischer) é mais uma das personagens com um estereótipo muito forte: A irmã interesseira que quer se aproveitar da morte do pai para ganhar ainda mais. Ela tenta a todo custo tirar parte da grana que seu pai deixou para Ben, incluindo ir até a justiça para isso, em suma: uma antagonista chata, irritante e que de nada acrescenta à trama.

Há buracos no roteiro, claro. Por exemplo, Alli tem uma motivação muito simplória para pegar parte da herança. Ben também deixa todo seu ideal onírico de lado de uma forma abrupta e sem motivos satisfatórios. O arco mais bem trabalhado é o romance entre Angelina e Steve, além da forte amizade entre os protagonistas, que têm uma química muito boa, a meu ver.

O final é bem peculiar, aberto e diferente do usual, a personagem de Bem fica jogada às traças. Talvez uma continuação? Não sei, mas como filme único, deixa a desejar.

Não é o mais engraçado filme, tampouco tem uma trama forte e envolvente, é apenas um obra funcional.  

Sentimento Final: Satisfeito

Nota: 5,8