House of Cards - Resenha
Aqui, Beau Willimon criou para Netflix uma das grandes séries da história. Um drama político único e que, a meu ver, dificilmente será superado - pelo menos não em um curto espaço de tempo.
A série conta, basicamente, a trajetória de Frank Underwood dentro do senado e da política estadunidense. Em suma, a trama começa e gira em torno da ascensão de Frank dentro do partido democrata, do qual faz parte.
House of cards é, atualmente, uma das séries mais complexas, muitos até mesmo desistem de ver por julgá-la “chata e parada”. Na verdade, se analisarmos levianamente, de fato ela é ‘chata’. Porém, quem assiste a série com afinco e com interesse por uma história primorosa - não só sobre política -, House of Cards é o que há de melhor no momento.
Política por si só é algo complexo e um tanto quanto irritante, sobretudo para nós brasileiros, que frequentemente evitamos falar sobre tal assunto. Inclusive, há um dito popular que diz que “política não se discute”. Reflexo de uma sociedade que pensa pouco e fica à mercê desses mesmos políticos -um paradoxo tupiniquim. House of Cards é uma série que vai além da própria política, ela leva para outras vertentes, como o jornalismo, por exemplo. Porém, infelizmente, muitos sequer dão uma chance.
Foto: Divulgação
A história é um jogo de estratégia o tempo todo, sempre focando, claro, no ponto de vista do protagonista: Frank. Cheia de subtramas e com arcos que se intercalam, House of Cards cumpre o que promete. Tudo que é jogado na tela não é de graça; é muito bem construído e elaborado para que, no final, faça sentido. É a típica série que você não assiste mexendo no celular ou conversando, deve-se levar a sério para que o entendimento seja ainda mais claro e sucinto. Em vários momentos é realmente difícil entender certas falas, algo relativamente normal; mas, com o desenrolar, tudo é resolvido de forma compreensível, até mesmo para o fã mais leigo.
A série, para passar uma imagem ainda mais ‘realista’, utiliza dentro do roteiro pessoas com amplo conhecimento de política, justamente para dar mais embasamento político nas falas, nas tramas, em tudo que gira em torno da Casa Branca. Muito bem feito, diga-se.
Frank poderia ser considerado o ‘Walter White da política’. O antagonista que odiamos amar. A personagem de Francis Underwood é extremamente inteligente e calcula, com precisão, todo e qualquer passo ou movimento que for dar. Junto com sua mulher, Claire – que é igualmente inteligente e calculista-, Frank tem um objetivo apenas: Tornar-se presidente dos Estados Unidos da América, e ele fará de tudo, rigorosamente tudo para alcançar seu objetivo. Blasfêmia, assassinatos, ménage, mentiras, trapaças, ódio, crueldade são algumas das coisas vistas em House of Card.
O roteiro de House of Cards é inteligente e passa credibilidade. A forma como a série constrói as personagens é fantástica. Frank, por exemplo, passa a imagem de frio, de esperto e de que nada dará errado; você acaba confiando nele, sinal de que o trabalho dos roteiristas, junto com o pessoal da produção, foi fantástico. Essa ligação entre personagem e o público é essencial. Como já citado, Breaking Bad pode ser um exemplo sintomático disso. Como não poderia faltar, a série é cheia de reviravoltas e plots de ‘cair o queixo’. Um prato cheio aos fãs sedentos por séries.
Essa ligação entre público/protagonista, em House of Cards, é ainda mais acentuada por um motivo: A quebra da quarta parede. Sim, Frank quebra essa famosa parede e conversa conosco, diretamente. O que faz com que a imersão seja ainda maior. Essas conversas entre protagonista e publico não são à toa, é parte essencial da história, a maneira exótica como Frank enxergar o mundo e a política é exposta especialmente para nós.
Frank é a típica personagem que, invariavelmente, ou você ama ou odeia. Não há meio termo. Mérito novamente da produção e do Kevin Spacey, que está magistral como Francis Underwood, digno de elogios. Um dos maiores papéis de K. Spacey.
House of Cards é uma das melhores séries feitas pela Netflix. Entrará facilmente nas eventuais listas de melhores séries.
Sentimento final: Satisfeito, feliz.
Nota: 9.4
Gustavo Henrique Veras Azeituno, estudante de jornalismo na Universidade de Guarulhos (UNG).